quinta-feira, 10 de novembro de 2011

Pressão política ajuda os cristãos perseguidos

Pressão política ajuda os cristãos perseguidosDezenas de pessoas perderam a vida nos atentados a bomba em igrejas na Nigéria e no Quênia na semana passada. Organizações radicais islâmicas assumiram os ataques. Os enfrentamentos entre cristãos e muçulmanos no Egito, Indonésia e Paquistão estão com frequência na mídia. A pressão política pode impulsionar governos a tomar medidas de proteção.
Data de publicação : 9 Novembro 2011 - 1:24pm
Hagar Jobse & Klaas den Tek

                                 
Por Klaas den Tek (Foto: ANP)
A indonésia Dwiti Nopita Rini é membro de uma comunidade cristã em Bogor, na província
indonésia de Java Ocidental. De acordo com ela, os cristãos são cada vez mais alvo dos muçulmanos radicais. Sob pressão da Frente de Defesa Islâmica (FPI), o prefeito de Bogor fechou a igreja em 2010. A FPI ganhou mais influência após a queda do general Suharto em 1998. O ditador indonésio pressionava com sucesso os grupos radicais.
Os dados do Instituto Setara para a Paz e a Segurança, uma organização de direitos humanos de Jacarta, apontam para um aumento da violência contra os cristãos. Em 2009 foram registrados 12 incidentes. Um ano mais tarde aconteceram 75 incidentes, desde igrejas incendiadas até a ameaça a cristãos. Dwiti Nopita Rini: “você não se sente segura. Até o nosso advogado, que é muçulmano, foi ameaçado por auxiliar juridicamente comunidades cristãs.”
Muçulmanos radicais
Os cristãos de Bogor tentam chacoalhar os políticos. “Somos apoiados por pessoas do partido democrático, o maior partido da Indonésia. O Conselho Superior acredita que a igreja deve ser reaberta, mas o prefeito de Bogor mantem sua posição firmemente. Se formos ameaçados por muçulmanos radicais acionamos nossa rede de apoio. Cada vez que nós somos atacados nas ruas, as pessoas vêm nos apoiar”, afirma Nopita Rini.
Stefan (*) trabalha para a Open Doors, uma organização cristã internacional que se dedica a apoiar os cristãos perseguidos no mundo. Com frequência ele visita os cristãos no oriente médio. A organização distribui bíblias, visita cristãos nas cadeias e tenta apoiá-los financeiramente caso percam o emprego. De acordo com Stefan, a situação dos cristãos piorou após a primavera árabe.
Cristões Coptas
“Nos tempos de (Hosni) Mubarak, os coptas eram um pouco protegidos. Grande parte dessa proteção acabou.” Em outubro, 2000 coptas protestaram exigindo mais segurança. As forças policiais intervieram com mãos de aço, 25 pessoas morreram e outras 200 ficaram feridas. Stefan: “na mídia estatal os coptas foram tidos como os culpados. Felizmente existem outras emissoras árabes – como a al Arabiya – que corrigiu essa imagem.”
Também ouviu-se muitas críticas por países ocidentais. De acordo com Stefan, essa pressão política é necessária. Ele elogia a atitude do ministro holandês de Relações Exteriores, Uri Rosenthal, que pediu para que seu colega egípcio, Mohamed Kamal Amr, protegesse melhor os coptas. Como resposta, Dirar afirmou que iniciaria uma investigação sobre os atos violentos.
Blasfêmia
O cristão Shabaz(*) é oriundo de Lahore. Para o paquistanês de 39 anos, a única opção que lhe restava era deixar o país. Há uma fatwa contra Shabaz porque ele não acredita no profeta Maomé. Fatwa é um procedimento jurídico islâmico que, entre outras coisas, torna possível que alguém seja condenado a morte sem ter sido processado. De acordo com Shabaz ele já foi ameaçado com uma arma apontada para sua cabeça por diversas vezes.
Shabaz: “O governo paquistanês faz pouco pelos cristãos perseguidos. No máximo ele te dá uma licença para portar armas para que você possa comprar uma pistola. Mas é o governo quem mantém a lei de blasfêmia. E com frequência os muçulmanos radicais sequer precisam dessa lei para assassinar cristãos”.
Asia Bibi
O mais conhecido caso no Paquistão é da cristã Asia Bibi. Ela foi condenada a morte em 2010 por ter ofendido o profeta Maomé. O ex-governador de Punjab, Salman Taseer, e o então ministro para as minorias, Shahbaz Batti, foram assassinados por pleitearem a liberdade de Bibi. Por causa disso, o governo paquistanês foi bastante pressionado pela comunidade internacional e diz fazer de tudo para proteger Bibi.
Shabaz não acredita: “os cristãos que conseguem fugir do país, fogem. Muçulmanos radicais pensam que os cristãos são um produto do mundo ocidental. De acordo com muçulmanos radicais, o cristianismo é a crença dos brancos e os paquistaneses não têm nada que seguir essa fé”.
* Por questões de segurança os nomes dessas pessoas foram trocados.
Incidentes recentes
•Em 4 de novembro, a seita islamita Boko Haram realizou vários ataques a bomba nos quais quase 100 pessoas perderam a vida na Nigéria.
•Em outubro, um cristão de 17 anos foi decapitado pelo movimento terrorista islâmico Al-Shabaab. Na Somália os cristãos são pressionados por movimentos terroristas.
•Em 9 de outubro um protesto dos coptas no Egito foi reprimido violentamente pelas forças de segurança, nos quais 25 pessoas foram assassinadas e outras 200 ficaram feridas.
•Em 25 de setembro um ataque suicida em uma igreja indonésia deixou 27 pessoas feridas.
•Em agosto, o governo chinês prendeu um grande grupo de católicos. Esses fieis são membros de uma igreja católica de resistência no país.

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