Atualizado em 4 de março,
2013 - 18:37 (Brasília) 21:37 GMT

Tratamento bem sucedido em criança americana pode ser
exceção
Médicos dos Estados Unidos conseguiram o que está sendo chamado
de cura "funcional" do vírus HIV em uma criança de 2 anos.
De acordo com os americanos, uma menina soropositiva do Estado do Mississippi
(sul do país) não demonstra sinais de infecção pelo vírus após deixar o
tratamento por cerca de um ano.A cura livrou a criança de uma vida que seria marcada pelo alto consumo de medicamentos, o preconceito e o dilema de contar a amigos e familiares sobre a doença.
Mas, além da história de triunfo dos médicos, surge uma grande questão: esta descoberta coloca o mundo mais perto de uma cura para o vírus que provoca a Aids?
No caso da garota americana existem circunstâncias especiais: os médicos conseguiram atingir o vírus muito cedo e com muita força. Isto não é possível em adultos, que descobrem que contraíram pelo HIV meses e até anos depois da contaminação, quando o vírus já está completamente estabelecido.
Também não se sabe ainda como o sistema imunológico de um bebê recém-nascido pode afetar o tratamento. Bebês conseguem grande parte da sua proteção contra doenças a partir do leite materno.
Uma coisa é certa - esta abordagem não irá curar a grande maioria dos portadores do vírus. O que levanta a dúvida: haverá um dia esperança para os que vivem há décadas com o HIV?
Tratamento

Acesso a coquetel de medicamentos antiretrovirais é
restrito
O vírus matou mais de 25 milhões de pessoas nas últimas três décadas, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS).
A partir da metade da década de 1990 surgiram as terapias com antiretrovirais, e o impacto que tiveram no número de mortes por Aids foi dramático.
As pessoas infectadas com o HIV que têm acesso a esse tratamento podem ter uma expectativa de vida normal, mas nem todas conseguem. Cerca de 70% das pessoas que vivem com o HIV estão na África ao sul do deserto do Saara, onde o acesso aos medicamentos é relativamente limitado.
A busca pela cura continua.
"Sempre presumimos que era impossível, mas começamos a descobrir coisas que não sabíamos antes, e (isso) está abrindo uma fenda na blindagem", disse à BBC o pesquisador John Frater, da Universidade de Oxford.
Escondido
Depois que uma pessoa é infectada pelo HIV, o vírus se espalha rapidamente, infectando células em todo o corpo. Ele se esconde dentro do DNA, onde não será afetado pelas terapias.Já existem agora medicamentos experimentais para tratamento de câncer que poderiam tornar o vírus mais vulnerável.
"Este é um momento muito animador, mas não é a resposta no mundo atual. Temo que por querer uma cura tão desesperadamente nos esqueçamos das questões de custo e eficiência, que fazem a diferença."
Jane Anderson, professora do Hospital Homerton, em
Londres
No entanto, a abordagem requer medicamentos que façam com que o vírus fique ativo e uma vacina que treine o sistema imunológico para acabar com ele. E isso não é algo que está próximo de ser descoberto.
Outro caminho sendo considerado envolve uma mutação rara que faz com que as pessoas fiquem resistentes à infecção.
Em 2007, Timothy Ray Brown se transformou no primeiro paciente que teria erradicado o vírus.
Seu sistema imunológico foi destruído como parte de um tratamento de leucemia. Em seguida, ele foi restaurado graças a um transplante de células-tronco de um paciente com a mutação.
Um pouco de engenharia genética também poderia ajudar a modificar o sistema imunológico do próprio paciente, para que ele adquira a mutação protetora.
Mas, novamente, esta é uma perspectiva distante.
Medicina experimental
Para o presidente do programa de vacina da Aids da Grã-Bretanha, Jonathan Weber, professor da universidade Imperial College, no sul da Inglaterra, não há um consenso nos tratamentos para os que já estão infectados.
Transmissão do HIV de mãe para filho pode ser
evitada
Para Weber, uma cura seria a solução para o problema dos gastos, já que dar remédios para as pessoas todos os dias para o resto de suas vidas pode ser muito caro.
A professora Jane Anderson, do Hospital Homerton, em Londres, prefere ser mais cautelosa sobre a possibilidade de uma cura para a Aids depois do caso nos Estados Unidos.
"Este é um momento muito animador, mas não é a resposta no mundo atual. Temo que, por querer uma cura tão desesperadamente, nos esqueçamos das questões de custo e eficiência, que fazem a diferença", afirmou.
Quase todos os casos de transmissão do HIV da mãe para a criança podem ser evitados com medicamentos, com a escolha pela cesariana e evitando que a mãe amamente o filho.
Em adultos, a maioria dos casos de infecção por HIV ocorre como resultado de sexo sem o uso de preservativos.
FONTE
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