Saúde
Seringa sem agulha é portuguesa e chega em 2013
por Lusa - 02-07-2012
Uma seringa a laser, sem agulha, está a ser
desenvolvida em Coimbra e deverá chegar ao mercado dentro de um ano, anunciou
hoje Carlos Serpa, um dos investigadores envolvidos.
O Laserleap (seringa a laser) é um sistema em nada semelhante às tradicionais
seringas com agulha, mas que, tal como estas, permite fazer chegar o medicamento
ao destino pretendido, só que sem picada e recorrendo a laser.
O protótipo da "seringa" foi hoje apresentado na Universidade de Coimbra
(UC), onde o projeto nasceu, em 2008, por um grupo de três investigadores do
Departamento de Química, que inclui também Luís Arnaut e Gonçalo Sá.
Através do laser, é criada uma onda de pressão que, ao chegar à pele, gera
uma "espécie de tremor de terra", deixando-a "durante alguns segundos
permeável", o que facilita a aplicação do fármaco, administrado em creme ou gel,
explicou Carlos Serpa.
O fármaco "surte efeito mais rapidamente, nomeadamente no caso dos
analgésicos tópicos", acrescentou.
Aplicações no tratamento do cancro da pele e de determinadas doenças
dermatológicas, administração de vacinas ou aplicações em cosmética são algumas
das utilizações da tecnologia Laserleap.
Testado em três dezenas de estudantes do Departamento de Química, o sistema
"não provoca dor nem vermelhidão, de uma maneira geral - "apenas cinco por cento
dos casos, mas passa rapidamente" -- e é considerado "seguro para os
humanos".
Vencedor da primeira edição do prémio RedEmprendia (2010), no valor de 200
mil euros, o Laserleap, levou já à criação de uma empresa - LaserLeap
Tecnologies, em setembro de 2011, e atualmente incubada no Instituto Pedro Nunes
-- e a um pedido de patente internacional, em abril de 2011.
Ainda recentemente, o projeto venceu o desafio internacional lançado no
Photonics West 2012, um dos maiores encontros científicos do mundo na área da
fotónica.
A RedEmprendia é uma associação criada com apoio do Grupo Santander e
orientada para o empreendedorismo, que congrega 20 universidades
ibero-americanas - em Portugal, as Universidades de Coimbra e do Porto.
Durante a apresentação do protótipo, o presidente da RedEmpreendia, Senen
Barro, classificou o projeto português de "excecional", referindo que, na
"corrida" ao prémio, estiveram outros também "bastante bons".
"A qualidade de vida de muitas pessoas pode mudar radicalmente" com a nova
seringa, considerou.
O diretor da divisão do Santander Universidades para Portugal, Marcos
Ribeiro, afirmou, por sua vez, que "o país precisa agora, mais do que nunca, que
as universidades prossigam o motor de desenvolvimento" que representam para o
"crescimento sustentável das sociedades".
Depois de salientar a importância da RedEmpreende no desenvolvimento dos
projetos de investigação, o reitor da UC, João Gabriel Silva, manifestou-se
preocupado com a "diminuição global dos montantes disponíveis para os projetos
de investigação", através da Fundação para a Ciência e Tecnologia.
"Se estas restrições se mantiverem, é obvio que muito do percurso positivo
que Portugal tem feito nos últimos 10, 15 anos vai ser posto em causa, o que é
preocupante e não é compatível com as afirmações que se fazem de que as
universidades são decisivas para o desenvolvimento do país", sustentou.
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