Cientistas criam técnica para detectar Alzheimer antes de sintomas
Atualizado em 12 de julho,
2012 - 03:21 (Brasília) 06:21 GMT
Um grupo de cientistas americanos desenvolveu uma técnica para
detectar sinais do mal de Alzheimer 25 anos antes de a doença apresentar seus
primeiros sintomas.
A pesquisa é a porta de entrada para novos tipos de tratamentos precoces que
podem se tornar a melhor chance da medicina para combater a enfermidade.
Os cientistas, da Escola de Medicina da Universidade de Washington,
selecionaram para o estudo pacientes britânicos, americanos e australianos que
possuem risco genético de desenvolver a doença.
Dos 128 pacientes examinados, 50% têm chances de herdar uma das três mutações
genéticas conhecidas pela ciência que provocam o mal de Alzheimer.
O grupo também tem chance aumentada de começar a sofrer da doença a partir
dos 30 ou 40 anos - muito mais cedo que a maioria dos pacientes de Alzheimer,
que em geral desenvolvem o mal na casa dos 60 anos.
Os pesquisadores analisaram os pais dos pacientes para descobrir com que
idades eles haviam desenvolvido a doença. A partir disso começaram a tentar
avaliar quanto tempo antes disso era possível detectar os primeiros sinais da
enfermidade.
Foram realizados exames de sangue, de líquor (fluído cerebrospinal), de
imagens do cérebro e também avaliações de habilidades mentais nos pacientes.
Os pesquisadores descobriram, então, que era possível detectar pequenas
mudanças no cérebro de quem possuía alguma das mutações que no futuro levarão ao
surgimento do Alzheimer.
Eles sugerem que a primeira mudança, uma queda nos níveis da proteína
conhecida como amiloide - componente-chave dos neurônios - no fluido
cerebrospinal, pode ser detectada 25 anos antes do aparecimento dos sintomas da
doença.
Por volta de 15 anos antes do aparecimento da doença, pacientes já
apresentavam níveis anormais de placas b-amiloides. Além disso, imagens do
cérebro revelaram encolhimento em algumas regiões do cérebro desses
pacientes.
Dez anos antes dos primeiros sintomas foram detectados problemas de memória e
um processamento anormal da glicose no cérebro dos estudados.
Em pacientes que não possuíam as mutações, não foram detectadas alterações
nesses marcadores.
Os resultados da pesquisa foram publicados no New England Journal of
Medicine.
"Essa importante pesquisa mostra que mudanças-chaves no cérebro, relacionadas
à transmissão genética da doença, acontecem décadas antes do aparecimento dos
sintomas. Isso pode gerar grandes implicações para o diagnóstico e o tratamento
no futuro", afirmou Clive Ballard, diretor de pesquisa da Sociedade de
Alzheimer.
"Os resultados de pacientes com Alzheimer herdado por fatores genéticos
parecem similares às mudanças provocadas em casos não-genéticos, na forma comum
da doença", disse Eric Karran, diretor de pesquisa da Sociedade Britânica do
Alzheimer.
"É provável que qualquer novo tratamento para Alzheimer deverá ser iniciado
mais cedo para ter a melhor chance de sucesso".
"A habilidade para detectar os primeiros estágios da doença de Alzheimer não
só permite que as pessoas planejem e tenham acesso aos cuidados e tratamentos
existentes mais cedo, mas também permitirá que novas drogas sejam testadas nas
pessoas certas, na hora certa".
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