ORIENTE MÉDIO
14/07/2012 - 14h38 | Marina Mattar |
Redação
Grupo pede pela deportação imediata e sem piedade
dos "infiltrados", africanos que moram no país
“Deportação agora! Sem piedade e sem demora, todos os infiltrados devem ser
tirados de Israel”. Este foi o tom do primeiro evento organizado nesta semana
pelo Comitê para Remoção dos Infiltrados, novo grupo de ativistas israelenses
contrários à presença de imigrantes e refugiados africanos no país que nomearam
de “infiltrados”.
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Menina sul-sudanesa é deportada em Tel
Aviv
Enquanto celebravam a chegada de 229 novos imigrantes judeus dos Estados
Unidos no aeroporto internacional de Tel Aviv, a organização reafirmou seu
desejo de manter o critério religioso para a entrada de novos habitantes no
país.
“Nós temos que lutar para manter a natureza judaica do estado de Israel”,
afirmou o congressista Danny Danon segundo o jornal local Israel National
News. Um dos líderes do movimento e presidente do Comitê de Imigração,
Absorção e Diáspora do Parlamento, o político do Likud pediu aos judeus para
voltarem ao seu lar (o território palestino). “Não faz sentido que todos os anos
mais estrangeiros da África cheguem à Israel do que judeus imigrantes de todo o
mundo”, acrescentou ele.
Outro ativista sustentou que os israelenses têm o direito de expulsar
imigrantes indesejados e de escolher com quem querem conviver. “As pessoas
esquecem que os direitos humanos não pertencem àqueles que vêm aqui como
convidados; os direitos humanos são os direitos de quem vive aqui”, disse o
advogado Ronit Cohen-Oren segundo o jornal local Haaretz.
Reprodução
Danny Danon em congresso de seu partido, o
Likud
O novo grupo aguarda a chegada de outros 2,5 mil imigrantes judeus a Israel
como parte de uma cooperação entre a Agência Judia e o Ministério de Absorção de
Imigrantes. No entanto, seu contentamento com a política do governo para os
“infiltrados” é outro. Apesar de o governo de Israel ter reforçado sua política
contra a imigração de africanos, esses ativistas exigem ainda mais.
Com a nova política, israelenses que empregarem imigrantes ilegais estarão
sujeitos a pagar 75 mil shekels (38,6 mil reais), ter seu estabelecimento
fechado e até mesmo a cumprir pena de 5 anos. No início do ano, o Parlamento
aprovou a lei de Prevenção de Infiltrados, permitindo que as autoridades
israelenses detenham imigrantes irregulares, incluindo refugiados e crianças,
por três anos ou mais antes de sua deportação. No dia 17 de junho, autoridades
israelenses iniciaram a deportação em massa de de sul-sudaneses.
Além disso, desde fevereiro desse ano, Israel está construindo uma cerca em
sua fronteira com o Egito na Península do Sinai, onde já entraram cerca de 50
mil africanos desde 2007. Mesmo assim, Shlomo Maslawy, membro do grupo e
conselheiro do Likud, afirmou ao Haaretz que centenas de imigrantes
continuam entrando no país. Ele disse que a organização pretende realizar mais
atividades para trazer novamente o tema à agenda pública, incluindo uma grande
manifestação em Jerusalém. Entre as propostas do grupo, existe a de convencer
proprietários de não alugarem mais seus imóveis a imigrantes.
Danny Danon também está usando seu cargo de parlamentar para conseguir a
aprovação de uma lei que pretende deportar 80% dos “infiltrados” em apenas dois
anos. “Os infiltrados são uma praga”, disse ele em maio ao jornal local The
Jerusalem Post. “Nós temos que removê-los de Israel antes que seja tarde
demais”. Na quinta-feira (12/07), mesmo dia em que o comitê realizou seu evento,
a polícia israelense declarou que houve um atentado contra uma casa de
imigrantes africanos que atribuiu a grupos racistas. Uma família da Eritréia
teve seu apartamento queimado segundo o Huffington Post.
Apesar do crescimento da xenofobia e de organizações que pedem pela
deportação dos imigrantes africanos, diversos israelenses se opõe a este
posicionamento. Um bom exemplo disso é a ASSAF, organização de apoio aos
refugiados em Tel Aviv.
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