Embaixadores sírios são expulsos das capitais europeias
O presidente francês, François Hollande,
durante coletiva de imprensa nesta terça-feira quando anunciou a expulsão dos
diplomatas sírios da França.
REUTERS/Philippe
Wojazer
Por iniciativa do presidente francês, François Hollande, diversos países
europeus, além da Austrália e do Canadá, expulsaram hoje os embaixadores da
Síria de suas capitais em protesto ao massacre de Houla, que deixou 108 mortos
na última sexta-feira na Síria, incluindo 49 crianças. Na Europa, a decisão foi
confirmada pelos governos da França, Alemanha, Itália, Reino Unido e Espanha.
Em entrevista coletiva, o presidente François Hollande anunciou nesta
terça-feira a expulsão da embaixadora síria em Paris, Lamia Chakkour, igualmente
titular do cargo na Unesco. O chefe de Estado socialista informou que uma
reunião de "países amigos da Síria" vai se realizar um Paris no início de julho.
Hollande acrescentou que depois de conversar ontem com o premiê britânico, David
Cameron, e com o secretário-geral da ONU, Ban Ki-Moon, foram decididas ações
para aumentar a pressão sobre o regime do ditador Bashar al-Assad.
O comunicado do Ministério das Relações Exteriores da Itália assinala que o
embaixador sírio em Roma é "persona non grata pelas violências de
responsabilidade do governo sírio contra a população civil".
Pelo mesmo motivo, o Reino Unido expulsará o encarregado de negócios da Síria
em Londres, Ghassan Gadanha, confirmou o ministro de Exteriores britânico,
William Hague.
Ao lado do presidente alemão, Joachim Gauck, atualmente em visita a Israel, o
presidente israelense, Shimon Peres, chamou o ditador sírio Bashar al-Assad de
assassino e defendeu ajuda aos sírios. "Ele deveria ser o pai da nação, mas se
tornou um assassino", disse Peres.
O Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão de oposição, saudou a
decisão dos países ocidentais de expulsar os embaixadores e diplomatas sírios,
em protesto contra a sangrenta repressão que já matou 13 mil pessoas em 14 meses
de revolta popular contra o regime no poder em Damasco.
Koffi Annan cobra "medidas corajosas" de
Assad
O emissário internacional da ONU e da Liga Árabe Kofi Annan teve audiência na
manhã de hoje com o ditador Bashar al-Assad, em Damasco. Annan cobrou do regime
"medidas corajosas" no cumprimento do plano de paz de seis pontos
sistematicamente desrespeitado desde sua entrada em vigor, no dia 12 de
abril.
Assad retrucou que o sucesso do plano Annan dependia do fim do terrorismo.
Desde o início oficial da trégua, o regime passou a dizer que os ataques contra
civis são obra de "terroristas". A tese foi refutada pela ONU, que constatou que
as armas que mataram os civis em Houla são de propriedade exclusiva do Exército
sírio.
O massacre de Houla põe em evidência os limites da missão da ONU. Os 300
observadores militares presentes no país assistem impotentes ao recrudescimento
da violência. Analistas estimam que o massacre pode marcar uma guinada na
mobilização diplomática internacional. Uma vez que a Rússia e a China, por
interesses econômicos e militares, continuam bloqueando qualquer resolução da
ONU que leve à saída de Bashar al-Assad, é provável que países "amigos" da Síria
intensifiquem o fornecimento de armas ao Exército Sírio Livre formado pelos
desertores.
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