Genética do câncer
Terapia genética toma novos rumos
O Consórcio Internacional de Genoma do Câncer, uma aliança de laboratórios
que está tentando produzir uma lista definitiva de mutações genéticas que causam
câncer, está acumulando dados a uma taxa impressionante. Cerca de 3 mil cânceres
de mama, por exemplo, já tiveram o seu genoma publicado. Mas esses dados não
vão, por si só, ajudar pacientes. Para isso, é preciso que os dados sejam
coletados em um contexto de teste clínico de medicamento. E é justamente isso
que Matthew Ellis e seus colegas da Universidade de Washington em St. Louis
fizeram para mulheres que sofrem de câncer de mama. Os seus métodos, caso seja
provado que funcionam, podem vir a revolucionar o tratamento.
O Dr. Ellis e sua equipe descreveu a sequência do genoma integral tanto de
tecido canceroso como normal de 46 mulheres com tumores de um tipo chamado de
câncer de mama receptor de estrogênio positivo. Eles também descreveram a
sequência apenas das regiões que contêm os genes cancerosos do genoma – cerca de
1% do DNA total – de 31 mulheres adicionais, e parte das sequências de mais de
240 mulheres. Depois eles compararam os genomas sadios e cancerosos de cada
paciente, a fim de descobrir quais genes haviam sofrido mutação devido ao
câncer.
Ao fazer isso, a equipe estava seguindo o protocolo normal do consórcio de
genoma do câncer. A novidade de sua abordagem foi que as mulheres em questão
haviam se envolvido em um dos dois testes clínicos de uma medicação chamada
letrozole. Esses testes estabeleceram letrozole como um tratamento padrão para
pessoas com este tipo de câncer de mama, mas nem todos os pacientes se
beneficiam da droga do mesmo modo. A esperança de Dr. Ellis era descobrir o
porquê.
Como foi descrito no periódico Nature, ele e sua equipe descobriram
18 genes que em geral sofriam mutações. Alguns eram os suspeitos de sempre da
genética do câncer. Outros, porém, foram uma surpresa. No topo desta lista
estavam cinco genes que já haviam sido vinculados à leucemia, mas que até então
não eram considerados capazes de afetar tumores sólidos.
Ao combinar o seu conhecimento genético recém-adquirido aos dados clínicos
dos participantes, Dr. Ellis e seus colegas mostraram que aqueles cujos tumores
portavam uma certa mutação tinham muito menos probabilidade de terem respondido
ao letrozole do que mulheres cujos tumores tinham mutações normais.
Este tipo de informação tem implicações óbvias para o tratamento. E o baixo
custo das técnicas de descrição de sequência de genes, em particular aquelas que
procuram por mutações específicas em relação às quais já há suspeitas,
significam que o complemento de mutação de um tumor pode ser descoberto
facilmente em um laboratório de patologia com o equipamento apropriado. No caso
de cânceres de mama receptores de estrogênio positivo, a análise genética ainda
não chegou ao ponto de poder dize com certeza qual medicamento terá o melhor
resultado para um dado indivíduo, mas os resultados do Dr. Ellis estabelecem uma
fundação sobe a qual um edifício pode ser construído para o câncer de mama e,
talvez, também para outros tipos de tumores.
Fonte 1: The
Economist-Gene therapy
Fonte 2: Opinião & Notícia
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